O que eu achei do Projeto Gaveta
Esse post chega com um certo atraso, porque quando eu participei da última edição do Projeto Gaveta (que foi no último dia 7 de outubro) eu ainda não tinha começado esse blog, hehe, mas acho que vale a pena compartilhar minha experiência.
O Projeto Gaveta começou como um evento de trocas de roupas e hoje, se tornou um movimento que busca repensar o consumo de moda. Segundo eles mesmos:
“Inicialmente, o propósito fundamental do Gaveta era difundir o conceito de clothing swap no Brasil, criando uma rede onde os participantes pudessem trocar, entre si, roupas que não usam mais.
Com o passar do tempo, percebemos a necessidade de um espaço maior para incentivar uma moda mais humana, real e sustentável, decidimos ampliar a ideia: o que era apenas um projeto tornou-se, então, um movimento.
Hoje temos como objetivo a conscientização das pessoas. Apoiamos a moda como reflexo de uma expressão pessoal. Queremos a diversidade de estilos, a originalidade, espontaneidade e autenticidade.”
Pois bem, a princípio o que me interessou foi justamente a proposta inicial do projeto. Essa ideia de fazer circular por aí coisas nossas que estão paradas, não é exatamente nova, mas não é algo que eu não tenho costume de fazer. E como esse assunto, de repensar e de questionar o consumo, é algo que tem me interessado cada vez mais, tanto na minha vida pessoal, quanto profissional, eu achei que seria uma experiência, no mínimo, interessante.
Outra coisa que eu gostei do projeto foi o formato. Ao invés de você levar as suas coisas e fazer essas trocas diretamente com as outras pessoas (o que pode limitar um pouco as possibilidades), você leva suas peças pro pessoal do projeto antes do dia do evento, eles fazem uma seleção do que realmente tem potencial pra ser trocado (ou seja, nada de coisa velha, desgastada, estragada) e te dão “moedas gavetas”. No dia do evento, eles montam um espaço com todas as peças organizadas em araras, como se fossem lojinhas, e vocês usa suas moedas para fazer as trocas.
Agora o que eu achei de fato do evento:
O evento em si valeu muito a pena. Essa edição rolou no MIS, aqui em São Paulo, que é um lugar super bacana. Além das trocas de roupas, também tava rolando a Feira Gaveta, com marcas de roupas, acessórios e decoração que tem a ver com o propósito do projeto (além de comes e bebes). E tinham umas marcas bem legais expondo, algumas até que eu já conhecia pela internet, mas não conhecia pessoalmente. Também rolaram workshops e mesas de discussão sobre moda, consumo, economia criativa e afins, e só isso já valeria o evento.
Mas, mas, mas…. As trocas de roupas deixaram um pouco a desejar na minha opinião porque:
1) Não tinha como provar as roupas. E uma das regras principais pra alguma coisa entrar e permanecer no meu armário hoje é: tem que vestir bem. O que não veste bem, não tem vez. Ou seja, eu acabei levando algumas peças que não me serviram e que eu vou ter que doar, vender, enfim, botar para circular de novo.
2) As trocas foram organizadas em 4 grupos de 50 participantes e cada rodada tinha duração de 40 minutos, o que eu achei bem pouco tempo pra fazer escolhas com calma e bem feitas. (Eu, por exemplo, tinha 19 moedas pra trocar, o que daria até 19 peças de roupa, dependendo do que eu escolhesse, ou seja, eu tinha, mais ou menos, dois minutos por peça!).
Eu, sinceramente, não sei como seria possível resolver essas duas questões, mas como eu tenho cuidado muito de tudo que entra e que permanece no meu armário, eu achei esses pontos bem negativos, porque eu acabei levando pra casa coisas que eu terei que me desfazer. O que vai um pouco na contramão do que eu fui buscar no evento, que era, justamente, substituir coisas que eu não usava, por coisas que teriam utilidade pra mim.
Mesmo assim, acho que a experiência foi válida. O evento foi bem organizado, apesar desses dois pontos que eu coloquei. As rodadas de conversa tiveram um conteúdo excelente e eu acho a ideia do projeto super válida.
Tanto que eu acho que a gente deveria trazer essa ideia de trocar roupas pro nosso círculo de amigos e conhecidos, porque é um jeito ótimo de tirar do armário coisas paradas e trazer coisas novas sem ter que gastar nenhum dinheirinho. Enfim, fica a ideia: que tal fazermos nossas próprias reuniões de trocas?