Você tem medo do quê?
Você tem medo de ousar na hora de se vestir? Medo de combinar cores? Misturar estampas? Parecer sexy demais? Arrumada demais? Diferente demais das outras pessoas?
Vira e mexe eu me deparo com essas afirmações no meu exercício como consultora de estilo (e nos comentários do Instagram também! Já me segue por lá? @bureaudeestilo). E sabe o que esses medos todos têm em comum? A preocupação excessiva com o que os outros vão pensar da gente!
Não é por acaso, né!? Nós, mulheres, somos educadas para agradar. Os outros. Nunca nós mesmas.
Li recentemente o livro Para educar crianças feministas, da Chimamanda Ngozi Adichie, em que, em certa altura, ela fala sobre isso. (Aliás, que livro! Recomendo demais a leitura, mesmo que você não esteja educando criança nenhuma, vale a leitura que seja para se reeducar!)
Não vou tentar reproduzir algo que já está tão brilhantemente escrito, então aqui vai o trecho em questão:
Ensine Chizalum a não se preocupar em agradar. A questão dela não é se fazer agradável, a questão é ser ela mesma, em sua plena personalidade, honesta e consciente da igualdade humana das outras pessoas. Lembra quando lhe contei sobre como me irritava que nossa amiga Chioma me dissesse que “as pessoas” não iam “gostar” de algo que eu queria dizer ou fazer? Eu sempre sentia dela uma pressão implícita para que eu mudasse e me encaixasse num molde que agradaria uma entidade amorfa chamada “as pessoas”. Era irritante porque queremos que as pessoas próximas de nós nos incentivem a desenvolver nossa personalidade mais autêntica.
[…]
Então, em vez de ensinar Chizalum a ser agradável, ensine-a a ser honesta. E bondosa. Incentive-a a expor suas opiniões, a dizer o que realmente sente, a falar com sinceridade. E então elogie quando ela agir assim. Elogie principalmente quando ela tomar uma posição que é difícil ou impopular, mas que é sua posição sincera.
[…]
Mostre-lhe que não precisa de que todo mundo goste dela. Diga-lhe que, se alguém não gosta dela, outro gostará. Ensine-lhe que ela não é apenas um objeto de que gostam ou desgostam, ela também é um sujeito que pode gostar ou desgostar.
Me alonguei na citação e me senti compelida a fazer essa digressão toda, porque, afinal, ter medo de usar cor ou misturar estampas ou sei lá o quê, pouco tem a ver com estilo e moda e muito mais a ver com o contexto cultural em que estamos inseridas.
De nada adiantaria eu vir aqui dar dicas de como se livrar desses medos, sem antes, refletir sobre a origem deles.
Mas, dito, isso, também não adianta SÓ refletir. Refletir é importantíssimo, claro, mas sem ação, não tem tanta efetividade. E eu acredito que usar o que a gente quer, quando a gente quer, porque a gente quer tem um aspecto político importantíssimo pra nossa construção enquanto mulher nessa sociedade.
Então, vamos lá:
Como vencer o medo de usar certas coisas:
1. Olhe para si mesma
Ao invés de ficar tentando agradar todo mundo, tenha em mente que você só precisa agradar a si mesma. E pra isso é fundamental conhecer seus gostos, suas prioridades, suas vontades.
Eu sei que é mais fácil falar do que fazer, mas, na minha experiência como consultora de estilo, eu vejo que nos vestir de nós mesmas é algo que traz muita segurança.
Quando você entende suas escolhas, fica mais fácil bancá-las. E quando você você banca suas escolhas, a opinião dos outros não importa tanto assim.
2. Construa repertório
Legal, você já entendeu quem você é e o que você quer, mas agora precisa traduzir isso em roupa, certo?
Dominar melhor essa ferramenta chamada estilo é um segundo passo. E algo que ajuda muito é “estudar” o assunto, buscar referências, explorar.
Já falei mais sobre repertório nesses posts aqui:
3. Experimente!
Por fim, e uma das coisas mais importantes, não adianta nada teorizar tudo isso aí e não botar em prática!
O único jeito real de vencer um medo é enfrentando! Ou seja, um belo dia, você vai ter que se desafiar a sair da sua zona de conforto, com todo o medo e todo o desconforto!
Com o passar do tempo, você vai acabar percebendo que a reação das pessoas ao seu redor costuma ser bem menos estrondosa do que a nossa imaginação cria. E que, no fim das contas, não é isso que importa, o que importa, de verdade, é como você está se sentindo!
Por fim, vale lembrar que, ainda que o que a gente veste tenha sim importância, é só roupa, que a gente tira no fim do dia. Não gostou? Não rolou? Tá tudo bem, é só trocar.
(E é claro, pra quem tem mais dificuldade em caminhar por essas três etapas sozinha, fazer uma consultoria de estilo pode resolver essas questões todas de uma vez só!)