Por que compramos mais do que conseguimos usar? | Aprendizados do livro ‘E foram magros e felizes para sempre?’

Comentei lá no Instagram que, recentemente, eu li o livro “E foram magros e felizes para sempre?”, da psicóloga Elisabeth Wajnryt e prometi que voltaria pra falar mais dele.

O livro fala sobre compulsão alimentar, mas comprei com o objetivo de pensar a nossa relação (e possíveis saídas) sobre o consumo excessivo. Tenho estudado bastante esse assunto, porque tenho trabalhado num formato de consultoria específico pra quem compra muito e/ou muito errado. Logo mais, quando eu voltar de licença maternidade, teremos novidades nos serviços por aí!

Eu sei, parece um pouco maluquice, mas eu acho muito rico deslocar os conhecimentos dessa maneira. Sempre me rende insights muitos bons e isso faz com que eu consiga pensar de maneira menos linear e mais criativa! E, de fato, o livro rendeu bons aprendizados!

Vou trazer alguns deles pra cá já, pensando em consumo excessivo!

Quando falamos sobre compulsão , nos referimos a critérios qualitativos:

Ela fala no livro que o que define a compulsão é muito menos a quantidade e muito mais a qualidade do ato. Pensando em compras, estaria muito mais relacionado a como se compra, em que circunstâncias, como a pessoa se sente em relação ao ato de comprar e como esse ato é sentido depois que ele acontece.

Em geral, a resposta a essas questões é a de que compramos por estímulos emocionais e/ou regulados por controles externos a nós mesmos. Comprar compulsivamente é uma defesa psíquica, um modo de se proteger e aliviar tensão, ansiedade e outros estados emocionais que são sentidos como ameaçadores ou desagradáveis. Os compulsivos são pessoas com muita força de vontade e falta de autoestima e de habilidade para acalmar-se internamente.

Quem já participou do Descomplica! Guarda-roupa inteligente sabe que a gente fala sobre isso logo no começo do workshop!

Para trabalhar essa questão, se pergunte:

Por que eu quero comprar isso?

Qual é o seu gatilho para fazer compras? Você sente falta de algo específico na hora de se vestir e percebe que é hora de buscar determinado item na loja?

Ou compra porque estava se sentindo esquisita, com sensação de vazio que não sabia definir; por tédio, por raiva; porque quem estava com você no shopping estava comprando; por ter tido um dia difícil; para se recompensar; etc?

Um compulsivo costuma negar, atropelar, confundir todos esses sinais emocionais, não confia neles, não se sente merecedor de tratar-se dignamente e em geral responde à maioria dessas necessidades com algo externo – compras, por exemplo.

Como tirar nossos hábitos do automático?

Vejam bem que, pra minha feliz surpresa, um dos exercícios que ela propõe no livro é justamente fazer um diário de bordo, aquilo que eu costumo chamar de diário de compras!

O objetivo do diário é identificar seu padrão de compras e também os sentimentos e motivações envolvidos. Ela explica que “escrever significa acionar o córtex, nosso sistema mais nobre e elaborado, capaz de julgamentos, escolhas. É uma forma de sair do automatismo da resposta compulsiva e aprender a pensar, processar os sentimentos.”

Quando prestamos atenção às nossas emoções e ações, aprendemos a interpretá-los corretamente e os respeitamos. Assim, ao invés de tratar da ansiedade comprando mais uma bolsa e daí ficando mais ansiosa por conta de uma compra desnecessária, a gente encara nossos sentimentos de frente e vamos direto à origem do problema.

Você já se perguntou qual sua maior motivação para comprar uma roupa nova?

Comprar, para a muitos de nós, pouco tem a ver com o produto em si, ao contrário, é algo um tanto idealizado que significa ser mais feliz, realizado, bonito, ter sucesso, ser amado. A publicidade contribui muito pra essas associações, claro. Mas, depois que algumas tentativas de comprar felicidade numa loja de shopping, a gente logo percebe que essas expectativas não se concretizam.

O trágico nisso tudo é que essa mudança de foco nos rouba a energia (e, muitas vezes, inclusive o dinheiro!) que poderíamos usar para mudar aquilo que somos capazes de mudar.

É claro que esses processos são inconscientes, muitas vezes nem nos damos conta que estamos querendo resolver problemas maiores comprando uma bolsa nova. É importante lembrar também que esse comportamento não é algo típico só de shopaholics dignas de filmes, mas de todo mundo que compra por motivos emocionais e não racionais.

É fácil, mudar? Não é, né!? Mas existem caminhos pra sair desse ciclo. Existem, claro, casos que só a terapia resolve, mas também tem outros em que conhecer melhor o próprio estilo, identificar suas vontades e necessidades e reeducar seus hábitos, já resolve! E nesse segundo cenário, eu posso te ajudar!

 

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