Consultoria de estilo e semiótica

Outro dia fiz um stories lá no Instagram (já me segue por lá? @bureaudeestilo) falando sobre a minha metodologia de trabalho e achei que valia trazer esse assunto pra cá também! Mas, antes de explicar como eu trabalho, preciso contar de onde surgiu essa metodologia…

Eu sou mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP e lá no começo de 2017 fui chamada pra dar aula na disciplina de Semiótica Visual no curso de Pós-Graduação em Consultoria de Imagem da Belas Artes. Essa é uma disciplina super teórica dentro do curso, mas como a coordenadora sabia que, além de ser da semiótica, eu também sou da moda e da consultoria de estilo, me pediu pra trazer um conteúdo bem prático, o mais próximo possível do universo que alunas estavam estudando.

Como é a metodologia tradicional?

Quem conhece um pouco as teorias de consultoria de estilo sabe que a maioria delas se baseia numa ideia de sete estilos universais, os nomes variam de autor pra autor, mas, de maneira geral, eles são os seguintes: elegante, tradicional, esportivo ou natural, romântico, sexy, criativo e dramático. Eu não acho que essa ideia seja totalmente equivocada e até entendo como, para fins didáticos, ela ajuda organizar um universo que é amplo e complexo demais.

E era exatamente aí que essa teoria me incomodava um pouco: o universo dos estilos pessoais é amplo e complexo demais pra caber em apenas sete estilos. Se estilo é o resultado visual da mistura de gostos e desgostos, paixões, inspirações, história de vida, personalidade, escolhas, objetivos, vontades, valores, prioridades de alguém, esse resultado é tão particular e diverso quanto são as pessoas no mundo.

Eu sei que a teoria não é tão engessada assim, que os autores propõem que uma pessoa pode ser uma mistura de dois ou mais estilos e tal, mas ainda assim, conceitualmente, isso me incomodava um pouco. Inclusive o lance das nomenclaturas, vindo da semiótica, eu sei que a maneira como a gente nomeia (ou não) algo também tem um significado importante.

Consultoria de estilo e semiótica

Pois bem, quando eu estava montando as aulas, eu resolvi fazer uma análise semiótica dos sete estilo universais e acabei encontrando alguns padrões. (Não vou me aprofundar na teoria semiótica aqui porque, acreditem, isso teria potencial pra virar um artigo acadêmico, quiçá um livro!)

Mas esses padrões me fizeram ver que eu podia, através das conversas e dos questionários, identificar como era esse universo particular da pessoa e, a partir dele, definir o que, em termos de linhas, formas, materias, cores, etc, seria a melhor tradução. Me deixando mais livre pra trabalhar (sem ter que encaixotar ninguém num estilo pré-definido), mas com um aparato teórico (que faz com que o trabalho não fique só na intuição).

Nomeando os estilos

Por fim, como eu concordo que nomear é dar sentido, resolvi o usar o método que a Carrie McCarthy e a Danielle LaPorte ensinam no livro Questão de Estilo. Elas utilizam o princípio 80/20, chamado de princípio de Paretto, para nomear, de maneira particular e específica, o estilo de uma determinada pessoa.

Assim, elas propõem a escolhe de duas palavras, sendo que, a primeira palavra é a base do seu estilo, o núcleo de quem você é, a sua parte mais óbvia e estável, seus 80%. Segundo elas, essa parte “aparece no que você acredita com mais força e nos temas mais frequentes de sua própria moda e de seu gosto por decoração”, eu acrescentaria, nas suas escolhas, em geral. A segunda palavra é o seu lado criativo, aquilo que te impulsiona e entusiasma, são os seus 20%. 

Então, em resumo, não é que eu tenha me afastado completamente das teorias da consultoria de estilo, mas usando ela mesma e com a ajuda da semiótica, eu recriei uma metodologia que me deixa ao mesmo tempo mais livre e com maior aporte teórico e que está mais alinhada com o que eu acredito. <3

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