Worn Stories e as narrativas do vestir
Se você chegou aqui neste conteúdo é porque sabe qual é a minha visão sobre o vestir: nossas roupas constroem uma narrativa sobre quem somos e a presença que criamos no mundo, ou seja, falar em estilo e no ato de vestir é comunicar.
No conteúdo deste mês resolvi tangibilizar e trazer esse conceito para a prática (algo que eu amo fazer, inclusive se você não me segue no Instagram clique aqui porque falo bastante sobre isso por lá), a partir da série documental Worn Stories da senhora Netflix (Histórias para vestir em português) lançada em abril e inspirada em um livro que leva o mesmo nome, da escritora Emily Spivack.
Para além do formato da série – diferentes pessoas a cada episódio falando sobre uma determinada peça – esses personagens da vida real trazem suas mais diferentes relações emocionais e a história que cada uma dessas peças (ou ausência delas, haha) contam sobre suas vidas e influenciam no seu dia-a-dia.
O suéter amarelo presente de um monge, a primeira camisa comprada por um homem após mais de 40 anos preso, a camiseta de universidade usada por um astronauta em suas decolagens para o espaço, uma guarda de trânsito que ressignifica seu uniforme, uma coberta feita de retalhos por uma mãe para entregar ao filho que teve na prisão, a não-relação com roupas de um casal que optou por viver em uma comunidade nudista da Flórida, a roupa sem gênero para uma pessoa não-binária da comunidade judaica nos EUA e tantas outras histórias trazem reflexão e um olhar emocional, super bem-vindo, que cada uma delas merecem.
O fato é que em tempos como esses que estamos vivendo e que muitas vezes acabamos nos questionando sobre o nosso trabalho ou sobre a influência da moda – como movimento – em nossas vidas, ver essas histórias reforça a ideia mais que defendida e disseminada por mim de que o vestir vai muito além do “look do dia”.
Roupa é identidade, é afeto, é lembrança, é coragem muitas vezes e é sim, comunicação, intenção e contexto.
Falar sobre estilo vai muito além de uma etapa de compras de consultoria, de coloração pessoal, de uma técnica para um guarda-roupa mais inteligente, de uma “limpa” no armário em um programa sensacionalista de TV – e nada contra, inclusive amo esses programas, mas vocês entenderam o ponto, né!? Mesmo que em alguns dias a gente só que uma pedaço de pano para vestir, algo fez com que você escolhesse exatamente o que está vestindo, de forma medida ou não.
Não é à toa que minha metodologia se chama Styletelling, certo!?