Consultoria de estilo e autocompaixão – Parte 2

Outro dia eu fiz um post falando sobre meu aprendizado sobre autocompaixão (se você não leu, clica aqui) e como o assunto é super extenso, eu resolvi dividir em duas partes. Então, hoje eu vou falar sobre os três elementos da compaixão e como a gente pode trabalhar isso na nossa relação com a nosso corpo, nossa aparência e nosso estilo (que é como eu estou aplicando isso no meu trabalho).

1: Gentileza

Pessoas auto-compasivas reconhecem que ser imperfeito, falhar e experimentar dificuldades na vida é inevitável, então eles tendem a ser gentis com eles mesmos quando confrontados com experiências dolorosas ao invés de se irritar quando a vida (ou eles mesmos) estão aquém dos ideais estabelecidos.

A gente sabe muito bem como ser gentil com o outro, mas, em geral, tem muita dificuldade em ser gentil com a gente mesmo. Nós falamos coisas para nós mesmos que não falaríamos nem para alguém que a gente detesta. É ou não é?!

Então, primeiro exercício para praticar a auto gentileza é observar (para, então, tentar mudar) nosso diálogo interno. Não é fingir que gosta de todos os aspectos de si mesmo, pelo contrário, é preciso reconhecer o que é que que incomoda, mas sem julgamento, sem comparação com os outros, sem cobranças excessivas. Tudo bem querer mudar algo, mas porque você cuida de si e não porque é inaceitável ser como se é.

E esse é o segundo ponto: cuidar de si mesmo. Esse cuidado pode ter as mais diversas formas. Pode ser cuidar da alimentação, meditar todos os dias, tirar um tempo para os seus hobbies, se arrumar para sair, se maquiar, qualquer coisa!

No que diz respeito à nossa aparência, a gente precisa pensar em colocar mais energia cuidando daquilo que a gente gosta, do que escondendo aquilo que a gente não gosta. (Ao invés de começar a se vestir pensando em maneiras de esconder o quadril, começar a se vestir pensando em maneiras de valorizar aqueles ombros incríveis!)

2: Humanidade compartilhada

Humanidade compartilhada significa reconhecer que nós somos humanos e que humanos são, por definição, imperfeitos.

A frustração que sentimos quando as coisas não são (ou saem) exatamente como queremos é muitas vezes acompanhada de uma sensação de isolamento – como se “eu” fosse a única pessoa a sofrer ou cometer erros. Todos os seres humanos sofrem, no entanto. Portanto, a auto-compaixão envolve o reconhecimento de que o sofrimento e a inadequação pessoal fazem parte da experiência humana compartilhada – algo que todos passamos.

Então aqui, é muito bom a gente se cercar de referências de “pessoas reais”, ao invés de “ideais” na nossa vida. Em tempos de redes sociais é muito fácil a gente cair na armadilha de achar que a vida de todo mundo é perfeita, menos a sua. Por mais que, racionalmente, a gente saiba que isso não é verdade, se bobear, acabamos consumidos pelas imagens que consumimos.

E aí, o exercício que eu proponho é: filtre as coisas que chegam até você. Se você segue aquela musa fitness, mas ao invés de motivada a malhar, você fica com a sensação que só você tem celulite nesse mundo, não siga a musa fitness!! Passe a seguir gente que te inspira, que joga a real, que mostra celulite, que posta foto de ângulo que não favoreceu tanto assim.

Esse é um exercício simples mas que pode tirar a gente dessa sensação de isolamento. Não tô falando pra gente se comparar, tô falando que a gente precisa de referências positivas.

E aqui vai uma foto cheia de celulite, num ângulo que não favoreceu tanto. Por que falar é fácil, né?!

3: Mindfulness: estar no momento presente

Mindfulness (ou atenção plena, em português) é um estado mental de não-julgamento e receptividade, no qual se observam pensamentos e sentimentos como estão, sem tentar suprimi-los ou negá-los. (Não podemos ignorar nossa dor e sentir compaixão por ela ao mesmo tempo.)

Existem várias maneiras de se praticar mindfulness, a mais falada é, provalmente, a meditação, mas além disso, viver com atenção plena, significa viver no momento, perceber seu corpo, seus sentimentos, suas vontades.

E isso vai totalmente de encontro ao que sempre falo sobre ter um armário que funciona para a vida que a gente leva hoje. Não para a vida que a gente já viveu, nem para a vida que a gente gostaria de viver um dia.  Sabe aquele armário cheio de roupa para “o dia que eu emagrecer”, “o dia que eu trocar de emprego”, “o dia que viajar pra Europa”? Pois é. Se isso não é de fato um projeto em andamento, não tem porque ter no guarda-roupa roupas pra essas situações.

Parece bobagem, mas ter um armário só com roupas que servem para a vida que se tem hoje, facilita a vida e evita a frustração de ter aquele lembrete permanente, pendurado no cabide, de desejos e frustrações, de uma vida que não tá acontecendo agora.

A mesma ideia vale pra quem fica guardando roupa pra uma “ocasião especial”. Conhece essa história? Quem guarda roupa para ocasiões especiais não vê que vários momentos especiais estão acontecendo sem hora marcada com antecedência e você não estava vestida pra eles. E a vida é o que acontece todo dia. Não dá pra gostar do que veste só no fim de semana, só na festa.

Quando eu penso nesses três elementos, me veem na cabeça uma palavrinha:  autoconhecimento. Só se conhecendo muito bem, a gente consegue saber o que incomoda de verdade, o que a gente adora, o que é importante, o que nem entra na lista de prioridades. E aí consegue se aceitar melhor, se acolher, viver no presente. E, às vezes, se tá muito difícil começar esse processo de dentro pra fora, vale tentar o caminho inverso. Só eu sei o quanto um guarda-roupa amigo pode ajudar! <3

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