Consultoria de estilo e autocompaixão

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Desde que eu comecei a prestar consultoria, eu tenho estudado muito, lido muito sobre autoestima. Porque, claro, essa é uma questão que eu trato muito no meu trabalho. E daí que eu vi uma aula da The School of Life que chamava “Amar a si mesmo: como a compaixão pode ajudar”, achei que tinha tudo a ver com o assunto e já tinha tempo que eu queria fazer alguma aula na TSL, então juntei o útil ao agradável e lá fui eu aprender sobre autocompaixão. E aí que a aula foi SUPER rica, SUPER interessante (e eu venho lendo muito sobre o assunto desde então, porque eu sou dessas) e me trouxe várias reflexões sobre a natureza do meu trabalho.

Para começar, deixa eu esclarecer o que é autocompaixão. Ter compaixão por si mesmo é exatamente a mesma coisa que ter compaixão por outra pessoa. Primeiro, para ter compaixão pelo outro, você deve perceber que o outro está sofrendo (não importa a natureza ou a dimensão do sofrimento).

Em segundo lugar, a compaixão envolve se sentir tocado por esse sofrimento, de modo que você responda a essa dor (a palavra compaixão literalmente significa “sofrer com”) e quando isso ocorre, você sente afeição, carinho e o desejo de ajudar a pessoa que sofre, de alguma forma.

Ter compaixão significa também que você oferece compreensão e bondade ao outro quando ele falha ou cometem erros, ao invés de julgá-lo. E por fim, sentir compaixão pelo outro (ao invés de piedade), significa perceber que o sofrimento, o fracasso e a imperfeição fazem parte da experiência humana compartilhada.

Então, a autocompaixão envolve agir da mesma maneira para com você mesmo, quando você está tendo um momento difícil, quando você falha ou quando você nota algo que não gosta sobre você mesmo. Em vez de apenas ignorar sua dor, você a reconhece e tenta encontrar uma maneira de se cuidar e se consolar neste momento. Ao invés de se julgar e se criticar por suas inadequações ou falhas, a autocompaixão faz com que você seja gentil e compreensivo consigo mesmo – afinal, ninguém é perfeito.

Ter autocompaixão, ao contrário do que se pode imaginar, não significa que você não deva tentar mudar ou encontrar maneiras que lhe permitam ser mais feliz. Significa apenas que você tenta mudar porque você se preocupa com você mesmo, não porque você não vale a pena ou porque seja inaceitável ser como você é.

E aqui vai o mais importante: ter autocompaixão significa que você honra e aceita sua humanidade. As coisas nem sempre vão ser do jeito que você quer. Você vai encontrar frustrações, perdas, você vai cometer erros, vai ficar aquém dos seus ideais. Porque esta é a condição humana (uma realidade compartilhada por todos nós).

O que me tocou muito sobre esse assunto foi justamente essa percepção de quem ninguém precisa ser perfeito, ter o corpo perfeito, a carreira perfeita para ser digno de amor, incluindo amor-próprio. Justamente porque não existe perfeição.

A gente se cobra demais, se julga demais baseados em parâmetros que estão muito longe da realidade, do que é humanamente possível. E muitas vezes, a gente busca mudar não com a intenção de ser a melhor versão de nós mesmos. Mas porque a gente se sente inadequado sendo quem a gente é.

Entender esse conceito está sendo fundamental pra eu trabalhar essas questões no meu trabalho (e até pra ter uma fundamentação teórica pra fazer o que eu já vinha fazendo, mas de uma maneira intuitiva). Porque, meu trabalho é justamente sobre isso.

Sobre se conhecer melhor, se reconhecer na pele que a gente vive, se apropriar da vida que a gente leva e abraçar o todo, com todas as imperfeições e sermos a melhor versão possível de nós mesmas. A melhor versão possível de nós mesmas é sempre, sempre suficiente. <3

Kristin Neff é uma das maiores pesquisadoras sobre o assunto e aqui tem um TED Talk dela explicando as diferenças entre autoestima e autocompaixão. (Sim, eu sou a louca dos TED Talks, tenho sempre um pra indicar! haha)

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