O que a gente quer sentir na frente do espelho

Semana passada, eu fiz um post falando sobre “conforto emocional” (se você não leu, clica aqui, ó) e, em determinado momento desse post, eu falei que nem sempre a gente quer se “enxergar como bonita”. E aí, que alguns pessoas vieram comentar que entender isso foi super revelador pra elas e tiveram outras que me disseram “mas, como assim tem que gente que não quer se sentir bonita?”.

Então, pera lá, vamos falar mais sobre isso.

Eu acredito que, sim, todo mundo (ou pelo menos, a maioria das pessoas) quer gostar do que vê refletido no espelho. Mas tem gente que, ao invés de bonita, quer ver, antes de tudo, uma pessoa inteligente ou forte ou aventureira ou tudo isso junto. A lista de adjetivos aqui é tão grande quanto é vasta e variada a subjetividade das pessoas.

Isso não quer dizer que a pessoa que prioriza outras qualidades, é uma pessoa que não liga pra aparência, não liga pro que veste, não é vaidosa, não tem estilo. Isso só quer dizer que, na hora de pensar nisso tudo, a pessoa quer priorizar algum traço específico (ou vários) da personalidade.

Um bom exemplo disso é a Solange Knowles. Solange é maravilhosa, musa e gatíssima. E o que ela prioriza na hora de se vestir é ser criativa e ousada, não bonita.

Outro exemplo: Tilda Swinton, dona de um dos melhores estilos andrógenos que eu conheço. 

Entender qual é o seu lugar no mundo e quais são seus valores e prioridades (e ainda por cima conseguir traduzir isso em códigos do vestir) é muito libertador. Afinal, a gente achar que toda mulher quer parecer só bonita reduz demais a nossa existência e confirma essa ideia de que a função da mulher na sociedade é de ser um bibelô.

Citando uma amiga minha:

“Odeio quando eu posto uma foto tentando mostrar alguma conquista minha e as pessoas só comentam: ‘Nossa como você tá linda’. Eu sei que elas não fazem por mal, mas esse não era o foco ali.”

Claro que não há nada de errado em querer ser bonita também. A coisa só começa a ficar problemática quando se torna um dever ser bonita e quando esse “bonita” só é concebido a partir de um padrão pré-determinado.

Vamos lembrar, minha gente, que existem maneiras infinitas de gostar do que a gente vê no espelho, de se sentir gata e poderosa e, todas elas, passam, necessariamente, por externalizar quem a gente é por dentro. E isso não cabe em padrão nenhum.

<3

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