O Ano em que Disse Sim ou porque não devemos pedir desculpas por sermos incríveis

Acabei de ler “O ano em que disse sim” da Shonda Rhimes… sim, eu sei, com um pouco de atraso mas, quando o livro foi lançado eu tava terminando meu mestrado e tudo que eu lia era semiótica.
Para quem não conhece, a Shonda (tô íntima, é isso mesmo) é roteirista, cineasta, produtora de TV, dona da produtora Shondaland e criadora dos seriados Grey’s Anatomy, Scandal e How to Get Away with Murder. Pois é, a mulher é foda, poderosíssima, maravilhosa.

E, claro que o livro não poderia ser diferente. Eu confesso que, demorei um pouco pra me interessar pelo livro (além da semiótica), porque, pelo nome, eu achava que era um livro meio auto ajuda barata. Mas, para minha feliz surpresa, o livro tá mais pra uma autobiografia muito da bem escrita e super feminista. Além de ser desses livros que, quando termina, a gente se sente mais abandonada que em fim de muito namoro.

Enfim, eu poderia citar várias de partes em que o livro é verdadeiramente foda (e, sério, se eu ainda não deixei claro, eu achei o livro muito foda, recomendo demais), mas tem uma parte, em especial, que me tocou profundamente.

Lá pelo décimo capítulo, Shonda começa a discorrer sobre a dificuldade que ela (e nós, mulheres, em geral) temos em aceitar elogios. Desde um simples, “nossa, essa cor cai muito bem em você”, até e, principalmente, elogios em relação ao nosso trabalho, nossas carreiras, nossas habilidades, nossas conquistas. Ela fala de como ela tem medo (e eu e nós) de parecer arrogante. Imodesta. Ousada. De parecer apaixonada por si mesma.

E, nossa, como eu me relaciono com isso!

Aliás, eu venho ensaiando a começar esse blog tem, sei lá, quantos meses. Mas, até esse momento, inventei todo tipo de desculpas, quando, no fundo, no fundo, o que me impedia era o seguinte pensamento: “ah, quem sou eu pra querer escrever sobre qualquer coisa” ou “quem é que está interessado em qualquer coisa que eu tenho a dizer”. Veja bem, eu não questionei minha capacidade de escrever, eu questionei que as pessoas pensassem que eu estava me achando capaz disso (!!).

O paradoxo disso tudo, que Shonda bem explica no livro e estou aqui concordando é que essa é a META, não é? A gente passa anos e anos na terapia para aprender a se amar, a ter orgulho de nós mesmas, a nos sentirmos merecedoras de nossas conquistas.

E pior, se a gente parar pra pensar, o oposto de uma mulher arrogante, imodesta e ousada é…

Uma mulher submissa, pudica, tímida.

E eu não sei vocês, mas isso é tudo que eu NÃO quero ser.

Não só isso, mas boa parte do meu trabalho como consultora de estilo, a parte mais importante, eu diria, é ajudar outras mulheres a reconhecerem a beleza que existe nelas e valorizar o que é só delas, o que é particular e que as torna especiais.

Mas é isso, né… Mulher cresce ouvindo todo tipo de coisa para fazer a gente não gostar de ser quem a gente é. E, se, mesmo assim, a gente gosta, se sente na obrigação de, pelo menos, não demonstrar. E se demonstrar, pedir desculpas.

O que me faz lembrar de outra autora musa, a Chimamanda Ngozi Adichie, que diz:

“Ensinamos as meninas a se encolher, a se diminuir, dizendo-lhes: “Você pode ter ambição, mas não muita. Deve almejar o sucesso, mas não muito. Senão você ameaça o homem. Se você é a provedora da família, finja que não é, sobretudo em público. Senão você estará emasculando o homem.” Por que, então, não questionar essa premissa? Por que o sucesso da mulher ameaça o homem?” (Sejamos todos feministas).

Então, sim, essa é uma das minhas partes preferidas no livro. E agradeço a Shonda Rhimes por me apresentar ao conceito de duroneza.

“Duroneza: 1. (subst.) prática de conhecer as próprias realizações e habilidades, aceitar as próprias realizações e habilidades e celebrar as próprias realizações e habilidades; 2. (subst.) prática de viver a vida com autoridade: AUTORIDADE (subst. ou verbo) um estado de espírito que envolve amar a si mesmo, andar “desse jeito” e não dar a mínima para o que os outros pensam de você. Termo primeiramente cunhado por William Shakespeare.”

Vamos todas abraçar a duroneza que existe dentro da gente?

.

.

Aqui tem a Shonda no TEDTalk falando sobre o ano do sim dela:

 

2 Comentários. Deixe novo

  • Cecilia Costa
    17/10/2017 19:08

    Vou postar aqui tb pra oficializar: AMEI!! Tem que postar dia sim, dia não!! Ou dia sim e outro tb!!! Parabéns Ca!! Tá lindo o blog! E amei o post. Vou comprar esse livro!! Fiquei curiosa!

    Responder

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Preencha esse campo
Preencha esse campo
Digite um endereço de e-mail válido.
Você precisa concordar com os termos para prosseguir

12 − 5 =

Menu