Você é autêntico?

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Mas será que essa tal autenticidade é assim tão necessária ou até mesmo realista?

Pera, pera, pera que eu vou me explicar: não estou dizendo aqui que a gente tem que se fantasiar de outra pessoa, se vestir para agradar o outro ou muito menos cair no conto do dress for success. Não é sobre isso!

Mas acontece que a partir do momento que a gente vive em sociedade (e especialmente numa sociedade hierarquizada e cheia de regras) é bem comum que a gente não possa escolher ser autêntica o tempo todo. Isso vale pra roupa, mas vale para comportamento também. Ou você aí pode falar para o seu chefe o quanto você acha ele um grande babaca? Até pode, se você estiver disposta a perder seu emprego.

A mesma coisa vale para a roupa: em determinadas situações, a gente tem que escolher uma versão mais lapidada ou mais comedida ou mais adequada à situação. E tudo bem.

Não estamos aqui falando de imposições absurdas, naquele dress code machista e elitista, ou regras ultrapassadas. Obviamente isso aí precisa ser questionado e desafiado. A provocação que trago aqui é outra.

Se somos seres sociais, será que considerar o outro é sempre tão negativo?  Será que não considerar é possível? Ou será que é a nossa sociedade hiper individualista que nos faz pensar que considerar o outro na hora de falar algo, de se comportar de determinada maneira ou de escolher a nossa roupa é algo a ser evitado?

Eu diria que, em algumas situações, é inclusive um sinal de respeito. Como é o caso de roupas usadas em ritos como funerais ou casamentos. Imagina aí que a sua melhor amiga te chamou para ser madrinha do casamento dela (e vamos imaginar que esse casamento vai ter aquele festão mais tradicional). Agora imagina que você aparece no altar vestida de calça jeans rasgada, camiseta de banda e um tênis sujo. Acho eu que essa relação ficaria um pouco abalada, não é? E acho que vestir “qualquer coisa” nessa situação também indica uma falta de respeito para a vivência do outro. Eu não sou das pompas e do casamento tradicional, mas também acho que não tenho o direito de criticar o sonho alheio nesse quesito.

É claro também que entre o visual “nem queria estar aqui” e aquela situação, digamos, delicada, em que é a noiva quem escolhe os pormenores dos trajes da madrinha, existe um meio termo, um lugar em que a gente pode mediar aquilo que é nosso, aquilo que é do outro, aquilo que é do social. E acho que é nesse lugar que a coisa fica mais realista e possível.

Porque essa busca pela autenticidade acaba se tornando algo artificial, performática.

E agora, deixa eu te contar uma verdade incômoda: esse “eu verdadeiro”, esse lugar dentro de você intocado pelo outro, não existe. Primeiro porque a gente não é e sim está. Nesse caso, sempre se construindo, sempre se transformando.

Segundo, porque somos seres de bando e de afeto, a gente aprende, vivencia, se constrói no e pelo social.

Então minha sugestão aqui não é para que você não questione códigos absurdos, eles precisam ser destruídos mesmo. Nem é para que você se vista em função do outro.

Mas sim, que você se preocupe menos com autenticidade e mais em encontrar uma maneira de vestir-se que seja confortável e feliz para você. Se você se sente bem com o que veste, isso é autenticidade suficiente. Mesmo que, em determinadas circunstâncias, se sentir bem seja respeitar um ritual social.

Falando em autenticidade…

Não se importar com o que veste ou com o que os outros vão pensar, também é um privilégio, né!?

Mas isso eu já falei em outro post, então deixo aqui o link para você ler!

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