O que fazer com seu armário quando seu estilo muda?

Uma grande dúvida das minhas clientes é: meu estilo mudou, o que fazer com meu armário? Eu não costumo trazer assuntos pessoais pra esse espaço, mas hoje vim contar um pouco sobre minha trajetória (de mudança) de estilo, pra tentar esclarecer algumas dúvidas que rolam nessas horas. Espero que minha história traga ideias pra quem tá passando por isso também.

Começando do começo…

Eu sempre gostei de moda e sempre fiz dela uma forma de expressão. Eu acho que sempre soube bem do que eu gostava ou não e o que minha imagem estava comunicando pras outras pessoas e sempre experimentei muito, nunca tive muito medo de errar. 

Mas…

Quando eu comecei a trabalhar como estilista, com 20 e poucos anos, parte do meu trabalho consistia em visitar lojas online e offline o tempo todo e eu tinha zero consciência em relação ao que eu consumia. 

Eu não chegava a comprar coisas que não tinham a ver comigo, porque, como eu disse, essa parte nunca foi exatamente um problema. Mas eu comprava muito e comprava super errado.

Comprava coisas que não combinavam entre si. Coisas que eu não teria ocasião nenhuma pra usar. Coisas de qualidade e caimento bem duvidosos.

Mudanças de vida

Pois um belo dia, eu me dei conta de que não queria mais trabalhar em magazine (essa história é bem longa e não vou entrar nela agora, qualquer hora eu conto). E aí, eu fui fazer mestrado.

Veja bem, não foi o mestrado que me mudou, ele foi consequência de mudanças que já vinham acontecendo em mim. Mas foi só nesse período que eu realmente consegui identificar que mudanças eram essas. Além disso, meu estilo de vida (minha rotina, minhas atividades) mudou muito a partir dessa época também.

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Por boa parte da minha vida adulta, meu estilo era assim: muita saia rodada, muita estampa fofinha e muita sapatilha. O cabelo sempre foi curto, desde os 14 anos de idade! (Essas fotos são de 2014, pouco antes de entrar no mestrado.)

E o que estilo tem a ver com isso?

Tem a ver que nosso estilo é uma tradução de quem somos. E as mudanças que rolaram entre ser estilista e mestranda fizeram com que boa parte das minhas roupas não tivessem mais nada a ver comigo. Lógico que meu estilo já tinha mudado muito desde a adolescente de cabelo rosa, né?! Mas tinha sido de uma forma bem gradual, como geralmente é mesmo, na maioria das vezes.

O que acontece é que quando a gente tem uma mudança mais “drástica” na vida, a mudança no nosso estilo também fica mais marcante. E foi isso que aconteceu na época do mestrado. Eu me dei conta que a mensagem que eu tava comunicando não estava mais alinhada com quem eu era, nem com como eu queria ser percebida.

A essas alturas eu já tinha 30 anos, toda uma bagagem profissional nas costas, mas geralmente as pessoas se espantavam quando eu falava a minha idade. E isso não significava que meus cremes pra pele tavam funcionando, não! hahaha

Na verdade, tinha muito a ver com meu estilo. Não que eu ache que a gente tenha que se vestir “de acordo com a idade”, pelamor, não é isso. Tinha mais a ver com conseguir traduzir toda a minha história em forma de estilo.

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Em 2015, meu estilo tava bem no meio dessa transição. Ainda tinha estampinha, saia rodada e sapatilha, mas combinado de um jeito diferente, raramente as 3 coisas ao mesmo tempo. O que já dava uma cara menos de menininha. Mas não tinha chegado lá ainda!

E o que fazer na prática?

Bem, eu sempre fui bem desapegada, mas nessa época  desapego atingiu níveis nunca vistos e eu fiz a maior limpa da história da minha vida no meu armário. Tirei tudo que não servia, tudo que tinha caimento duvidoso, que gritava má qualidade e tudo que eu achava que não tinha mais a ver comigo.

Foi muita coisa mesmo, gente. Eu fiquei com mais ou menos 1/4 do meu armário e menos da metade dos meus sapatos. E ainda tinha sobrado muita coisa, pasmem!

Não me arrependo de quase nada que se foi nessa leva. Mas se eu fosse dar um conselho seria:

Vai com calma.

As chances de você se desfazer de coisas que ainda podem ser úteis são enormes. No meu caso, não rolou, mas eu já trabalhava com moda, já tinha uma ideia bem clara do que funcionava ou não pra mim. Então deu tudo certo. Mas se você não tem tanta certeza, ou vai com calma ou me contrata pra te ajudar fazer isso! hahaha

Separe algumas coisas na pilha do talvez.

Quando você tiver fazendo uma limpa no armário, é bem provável que se depare com peças que te servem, te caem bem, você tem ocasião pra usar, você gosta, tem a ver com seu estilo, mas… quase nunca são usadas. 

Isso pode acontecer porque em meio a tantas coisas desconexas, essas coisas acabam ficando invisíveis, sabe como? Eu recomendo não doar/vender essas peças logo de cara. Vale devolver pro armário e fazer o exercício de tentar botar essas peças pra circular. Se depois de 6 meses, elas continuarem sem uso, aí, sinto muito: é preciso desapegar mesmo.

Depois de se desfazer de tudo é bem provável que você sinta seu armário meio desfalcado.

Evite a tentação de sair comprando coisas novas enlouquecidamente. As chances de você acabar com um armário mais ou menos outra vez são enormes. Construir um armário que faz sentido requer estratégia, planejamento e tempo. Achar coisa bacana é garimpo e requer paciência.

Desde que esse processo de mudanças começou já se foram 4 anos e eu ainda tô longe de estar satisfeita com meu armário. Ainda tem coisas que eu quero me desfazer (verdade!) e tem muita coisa que eu ainda preciso adquirir. Mas tô indo com calma e tudo bem. Não to andando pelada por aí e nem insatisfeita com o que visto.

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Em 2017, já não tem mais nenhum daqueles elementos. No lugar, tons mais neutros, sapatos mais pesados e tecidos mais estruturados.

Moral da história é: 

A gente sempre precisa de muito menos do que imagina, então não precisa de desespero. Do mesmo jeito que as mudanças na nossa vida (as internas, pelo menos) demoram um tempo pra, de fato, se assentarem, nosso armário também não precisa mudar da noite pro dia.

E dar preferência à qualidade do que à quantidade vale a pena demais!

 

 

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