Como calcular o custo-benefício das nossas roupas

Faz parte do meu trabalho como consultora de estilo, ensinar minhas clientes a fazer compras mais conscientes e mais certeiras. A gente desperdiça muito dinheiro comprando coisas que não fazem o menor sentido nas nossas vidas, que a gente acha lindo na hora, mas não usa depois. E, sim, quando a gente compra algo que não usa ou usa muito pouco, o nome disso é desperdício.

Pois bem, um aprendizado super importante pra se comprar melhor é entender o custo-benefício das nossas compras (tô aqui falando de roupa, mas essa lógica vale pra tudo que a gente for comprar). A relação de custo-benefício não se baseia em valor absoluto mas, sim, em quanto aquela peça vai ser usada.

Estilo de vida x quantidade de roupas

Então, em primeiro lugar, a gente precisa entender qual é o nosso estilo de vida, pra saber que tipo de roupa a gente usa mais e, portanto, deve investir mais. Muitas vezes, a gente acha que sabe como nosso tempo é dividido, mas acaba subestimando algumas atividades e superestimando outras.

Para ter muita clareza de como seu tempo é dividido, faça o exercício de pensar em todas as atividades que você costuma fazer dentro do período de duas semanas típicas e depois pense na frequência com que você realiza tais atividades. Tem que considerar tudo mesmo, de trabalho a tempo gasto em casa vendo Netflix. Mais ou menos assim:

Pra essa rotina em questão, as atividades ficariam dividida mais ou menos nessa proporção:

(Por aí, a gente já sabe que é preciso ter mais roupas que vão pro trabalho, do que que vão pra balada, não é mesmo? Mesmo assim, é super comum ver guarda-roupa lotado de coisas pra balada e com pouquíssimas coisas pra trabalhar. Sabe por quê? É mais divertido comprar roupa pra balada do que pro trabalho, ainda que, no fim das contas, a gente use mais as da segunda categoria!)

Qualidade x quantidade

A segunda coisa a ser levada em consideração é a qualidade da peça em questão. Pensando em tecido, acabamento, caimento, quanto tempo essa roupa vai durar? É uma peça dessas que, se bem cuidada, vai durar, pelo menos, cinco anos no seu guarda-roupa? Ou é uma dessas que na segunda lavagem já tá toda torta, cheia de bolinha e desbotada?

Tendo as duas coisas em mente, a conta funciona assim:

Valor absoluto dividido pelo número de vezes que essa peça será usada.

Por exemplo:

_R$ 400,00 num blazer de caimento impecável, super qualidade, que vai do trabalho aos momentos de lazer e será usado por muitos anos.

Considerando a rotina acima, em um mês, esse blazer tem a possibilidade de ser usado 28 vezes (10 vezes no trabalho + 4 vezes em passeios de dia), mas, claro, nossa amiga imaginária não vai trabalhar todo dia com a mesma roupa, então, digamos que ela use por 1/4 desse tempo, ou seja, 7 vezes. Ao longo de 1 ano, o tal blazer terá sido usado umas 84 vezes. Ao longo de 5 anos, serão 420 vezes.

Isso significa que, se o blazer for usado por 1 ano, terá custado: R$ 4,76 por uso. E se for usado por 5 anos (que seria o mais provável e o ideal!), ele terá custado: R$ 0,95 por uso. Uma pechincha!

Agora, vamos considerar essa outra peça:

_R$ 80,00 numa blusinha da moda, que só funciona pra balada, que a dona, provavelmente, já vai ter enjoado na próxima estação e que, ainda por cima, tem qualidade um tanto duvidosa.

Em um mês, nossa amiga aqui tem a possibilidade de usá-la duas vezes. Então, ao longo do ano, seriam 24 vezes, mas usando a lógica do 1/4 que usamos ali em cima, esse número cairia para 6 vezes (com muita sorte!!). Lembrando que a qualidade não é das melhores e que essa blusinha, provavelmente, não será usada no ano seguinte. A conta ficaria assim:

R$ 80,00 dividido por 6 usos ao longo do ano = R$ 13,33 por uso.

Bem mais caro que o blazer que, em valor absoluto, custava mais.

Claro que a gente não vai fazer essa conta desse jeito tão minucioso toda vez que for comprar algo, mas vale usar essa lógica pra saber no que vale o investimento e o que é dinheiro jogado fora. Parece óbvio, mas muita gente investe mais em vestido de festa que vai ser usado duas vezes na vida, do que em roupa de trabalho que usa todos os dias!

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